sábado, 4 de fevereiro de 2012

ela, a terceira pessoa

Ela deveria dizer tudo o que sente, sem delongas, mas não o faz.
Afinal, já o fez muitas vezes.
E a cada noite, quando deita sua cabeça pra dormir, dormir é a última coisa que consegue.
Ela pensa demais, e tudo, toda noite, vem à tona.
Repassa na sua cabeça cenas sobrepostas, como um filme mal editado, sem começo, meio ou fim, que não a permite raciocinar, que não a permite tirar conclusões sobre nada.
Racionalmente ela nega, mas ao mesmo tempo se entrega, como uma louca suicida, pronta pra se atirar de novo. E de novo. E de novo.
Daí, dentro dela, sente como se devesse fazer algo, mas não sabe o quê.
Sente um turbilhão de vontades e desejos, mágoas e receios e não consegue dominar.
Deseja intensamente conseguir um dia dizer não. Mas sabe que provavelmente, vai falhar.
Se houver essa possibilidade novamente, claro.
E por que ela diria não? O que mais tem a perder, se tudo soa como se estivesse perdido?
E aí monta em sua cabeça diálogos que nunca conseguirá reproduzir.
É quando ela sente vontade de fugir, de sumir, de se afastar pra sempre, mas ela sabe que não pode.

Ela deveria. Mas não o faz.

3 comentários:

  1. Muito bom Carolzita! Mandando bem menina,vai com tudo! - Rah

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  2. e qdo vc cria consciência de q a parte do "de novo, e de novo e de novo" não vale nada????
    só + dor...o q fazer com tudo que ela sente e pensa??

    sempre tem alguém pior q a gente..sou seu consolo.

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  3. É... A vida gira lindona... lembra disso! ;)

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